Este blog foi criado para contar a história de bravura deste lindo anjo.
João Pedro nasceu com Hérnia Diafragmática Congênita (HDC) e permaneceu neste plano por apenas 28 horas. E neste pouco tempo que ele passou por aqui, deixou um linda lição de amor, força e garra.
Ele é com certeza um Anjo Guerreiro.


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Homenagem ao João Pedro

Eu nasci e fui criada em uma família que cultua as tradições do nosso estado. Desde criança eu vivia no CTG, usava vestido de prenda, participava de rodeios, grupos de dança e A D O R A V A...

A família do Amaral nunca foi envolvida com isso, mas ele gosta bastante e quando começamos a namorar era evidente essa nossa afinidade. Tanto que, quando saíamos, não íamos à pubs e danceterias como a maioria dos jovens fazem, nós íamos à bailes de CTG.
Na nossa casa aos domingos, sempre temos o sagrado churrasco ao som de música gaúcha tradicional. É um gosto nosso, e da maioria dos nossos amigos também.

Na nossa primeira gravidez, quando descobrimos que seria um menino, na hora já fiquei imaginando como seria a primeira pilcha dele (pra quem não conhece, pilcha ou indumentária é o nome que se dá a roupa tradicional do gaúcho). Estávamos todos “loucos de faceiros” (como dizemos aqui) com o gaudériozinho que chegaria na família, e pra já que comprei uma camisetinha que representaria o amor pelo Rio Grande.


O mês de setembro aqui no RS é um mês de festa, pois é quando comemoramos a Revolução Farroupilha que aconteceu entre 1835 e 1845, onde o objetivo dos gaúchos era se separar do restante do país e se tonar uma república independente. Infelizmente não vencemos esta guerra, mas em homenagem aos grandes guerreiros, o povo que cultua a tradição se reúne e faz um grande evento.

Na minha cidade, esta festa é bem tradicional. Durante uma semana, os CTG´s, Piquetes e pessoas simpatizantes se reúnem, fazem acampamento e a churrascada rola dia e noite. É uma festa muito bonita. Têm apresentações de danças tradicionais, músicas, shows... é muito legal.

Todo ano nós vamos, inclusive meu pai fica acampado direto. Ano passado, nesta época eu estava grávida e a barriga já começava a pesar e quando conversava com as pessoas o assunto era em função do João Pedro e que no ano seguinte (este ano) ele já estaria curtindo a festa vestido de gauchinho. Enfim, a expectativa de todos era muito grande e só se falava no netinho gaudério dos meus pais.

Uma coisa bem engraçada é que, como eu gostava de muito de escutar música gaúcha, o João Pedro acabou gostando também, e bastava ouvir o primeiro toque de gaita que ele se remexia todo na minha barriga. Eu até brincava que quando fosse ganhar ele, levaria pro hospital um CD de música gaúcha pra hora do parto, pra ele já nascer ambientado hehehe. Brincávamos também que ele tinha dedinhos de gaiteiro, pois dava pra ver pela ecografia que tinha dedos finos e compridos.

Naquela época eu ainda não sabia da HDC, e jamais poderia imaginar que tudo que planejávamos, não aconteceria. Enfim, o final dessa história todos já sabem...

Só que há algumas semanas atrás eu tive um sonho. (eu e meus sonhos né...)
Sonhei que estávamos no Acampamento Farroupilha, o João Pedro estava no colo do meu pai, chupando com um ossinho de costela assada e usando sua roupinha de gaúchinho tal qual eu sempre imaginei. A música estava alta e de repente chegou ao nosso acampamento o músico Renato Borghetti. (Um gaiteiro muito tradicional aqui no RS que faz shows pelo mundo inteiro). Quando vi o Borghettinho (assim que ele é chamado) chegando, falei pro João Pedro: “olha filho, esse aqui é o titio que toca aquelas músicas que tu adora, vamos tirar uma foto como ele.” Então peguei o João Pedro no colo e fomos tirar foto com o Borghetti. Neste momento eu acordei.

Acordei com a aquelas imagens nítidas, vivas em minha memória. Era tão real, como se realmente estivéssemos vivendo aquele momento tão sonhado por nós um dia. Me senti feliz, como se eu pudesse ter vivido pelo menos um pouquinho aquele momento com meu picorrucho.

Os dias passaram, contei este sonho pra algumas pessoas e elas se impressionavam com a clareza dos detalhes.

Aí no final de semana passado teve na minha cidade um evento que acontece todos os anos: a Guyanuba da Canção Nativa. É um evento tradicional, onde se revelam novos cantores da música nativista gaúcha. Fui olhar a programação do evento, e pra minha surpresa, na sexta-feira teria show do Renato Borghetti. Claro que eu não ia perder esta oportunidade. Falei com o Amaral e resolvemos ir no show. Pra mim aquilo seria como prestar uma homenagem ao meu filho. O Borghettinho não é um cara muito acessível, vive em turnê pela Europa, não faz shows por aqui com tanta freqüência e diante das circunstâncias, eu não podia deixar isso passar.

Era um show beneficente e a entrada eram 2kg de alimentos. Pensei que estaria lotado, mas me surpreendi. Tinha muito lugar sobrando, inclusive na área reservada. Infelizmente eventos assim estão sendo cada vez menos prestigiados, nossa cultura está cada vez menos sendo difundida... mas lamentos a parte....

Com o pouco público que tinha, conseguimos um lugar bem na frente, praticamente uma área VIP. Assistimos ao show na primeira fila, há poucos metros dele.
O show é simplesmente S E N S A C I O N A L, ao meu gosto claro. O cara literalmente dá um show na gaita. Toca muito.

Quando acabou o show, nosso amigo que é secretário de cultura da cidade nos convidou para visitar o camarim. Claro que topamos. Só deixamos as autoridades entrarem primeiro, mas logo depois entramos nós.

Imaginei que pela fama e importância do artista, que ele fosse um nojo, que não desse muita atenção aos fãs e que nem dos daria bola. Muuuuuito pelo contrário. Fomos recebidos por uma cara muito simples, simpático, que nos tratou super bem.

Contei a ele porque eu estava ali, falei do sonho que eu tive e ele ficou me olhando com os olhos de quem estava sentido ao ouvir aquilo. Mas não deixei a tristeza dominar o clima. Falei a ele que estava ali pelo meu filho, pois tinha certeza que ele adoraria estar naquele lugar com a gente. Então entre risos o Borghetti nos abraçou e com seu sotaque forte nos disse assim: “olha, eu tenho uma coisa com esse negócio de fertilidade... eu tenho cinco filhos, e cada vez que eu cuspo no chão, nasce uma árvore. Só tenho uma coisa pra dizer pra vocês... vocês chegaram perto de mim, e pegaram esse negócio, tá a caminho, pode ter certeza que tá a caminho. Esse show de hoje, eu dedico ao filho de vocês, João Pedro, e vocês vão me prometer que a próxima vez que eu vir em Sapucaia, vocês vão trazer no meu show os outros filhos que vocês tiverem e vão trazer no camarim pra eu ver”.  

Foi tão engraçado ele nos dizer tudo isso. O jeito como ele falou foi hilário. Mas enfim, nos divertimos e rimos muito com ele. O clima estava muito agradável, batemos várias fotos e tivemos que deixar as outras pessoas entrarem.

Saí dali como se eu tivesse feito um agrado ao João Pedro. Como se aquele sonho que eu tive, realmente tivesse acontecido e o JP tivesse ali com a gente. E quem disse que não estava????

Fiz isso por ele, pra ele e, com certeza, com ele.

No camarim...

segunda-feira, 25 de julho de 2011

JP e HDC para o país inteiro ver

Quando a revista chegou às bancas, foi impossível segurar a emoção. Saí correndo, fui ao supermercado e comprei várias unidades.  Abri uma enquanto ainda estava na fila pra pagar e fui direto à página 102. Quando vi nossa foto li naquela página, não contive as lágrimas. Era uma mistura de sentimentos tão estranha: uma tristeza por tudo que aconteceu, mas ao mesmo tempo uma felicidade de saber que estava dado um pequeno passo para a divulgação deste assunto.

De repente me veio à mente “Meus Deus, estamos aqui, numa revista que o Brasil inteiro vai poder ver e saber que HDC existe”.  Ali realmente tive a certeza de o João Pedro é um anjo guerreiro. Lutou pela sua própria vida o tempo todo, mas a vontade de Deus era que ele pudesse ajudar outras pessoas se fazendo como exemplo e me usando como seu instrumento.

Através desta matéria, muitas chegaram ao blog e hoje mantemos contato. Procuro sempre retornar e ajudar no que estiver ao meu alcance, nem que seja apenas com uma palavra positiva.

Mesmo que a nossa história não tenha tido um final feliz, divulgando esse assunto, muitas mães que estão vivendo a angústia de ter um bebê com HDC, ficaram sabendo que outras pessoas já passaram por isso e que, pode ser difícil,  mas não é impossível ter um final feliz.

Há ainda muito que se falar sobre o assunto. Os obstetras precisam se envolver mais, dar mais atenção às pacientes que aparecem em seus consultórios com este diagnóstico, os hospitais precisam se equipar melhor pra receber RN´s com esta patologia e a mídia pode ajudar muito mais.

Agradeço imensamente à equipe da revista Pais & Filhos, especialmente à editora Mariana Setubal que foi o meu contato direto e também à diretora de redação Larissa Purvinni e ao diretor geral Sr Marcos Dvoskin que gentilmente responderam meu e-mail me passando uma posição sobre o assunto.

Enquanto houver mídia interessada em assuntos que realmente são importantes, teremos certeza de que tudo é possível.

Agradeço aos amigos que compraram a revista e estão fazendo a divulgação do assunto. Agradeço àqueles que acessaram o site da Pais&Filhos, deixaram lá seus comentários fazendo com que durante um final de semana o link tenha sido um dos mais lidos.

Quem ainda não comprou sua edição, ainda dá tempo. Aqui no sul encontramos edições da Pais & Filhos até uma semana depois que o mês em questão tenha encerrado, ou seja, até lá pelo dia 10 de agosto dá pra encontrar nas bancas. No site, o link ainda vai permanecer e quem quiser acessar, é só clicar no link abaixo e deixar lá seu comentário.


Segue abaixo a página de revista scanneada.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Revista chegando nas bancas

A revista Pais&Filhos edição de julho já está chegando às bancas.

Nesta edição há uma matéria (na seção "Ninguém me Contou") que escrevi sobre o João Pedro contando um pouco da sua história de luta desde a gestação até a HDC. Acredito que com isso, conseguimos dar um grande passo em relação ao problema grave que é a HDC.

Diante disso, motivada por muitos e, com certeza, induzida por uma força superior, resolvi criar um novo blog. Um blog que será um complemento deste. Um lugar onde poderei dividir minhas angústias, meus pensamentos, meus sentimentos.... ou seja, um espaço meu que ficará ao livre acesso de todos que tenham interesse em saber como (sobre)vivo depois de tudo isso que passou em minha vida.

Quem tiver interesse, siga o blog Meus Anjos e Eu...
(http://meusanjoseeu.blogspot.com) 

Um abraço a todos 

Capa da revista, edição de julho

sábado, 18 de junho de 2011

Mais uma missão

Por várias vezes eu já tive vontade de voltar a escrever no blog, mas como eu tinha dito, só voltaria a escrever se tivesse algo importante relacionado ao João Pedro pra relatar.

Eu não disse que ele é um anjo guerreiro???

Não temos como saber exatamente qual foi o propósito da sua curta passagem por este plano, mas tenho certeza que Deus o enviou para uma grande missão.

A missão de plantar o amor incondicional no meu coração foi a mais bem executada além e várias outras lições que ele nos deixou. Nos deixou também uma imensa saudade, mas uma nova missão sua está prestes a ser concretizada:

Não lembro bem quando foi, mas um dia eu escrevi um e-mail para a revista Pais&Filhos pedindo que eles divulgassem o endereço do blog em algum lugarzinho da revista, pois eu achava que poderia ser útil pra alguém. Tão grande foi a minha surpresa quando duas editoras da revista me retornaram dizendo que viram o blog, que tinham achado muito interessante e me perguntaram se eu não tinha interesse em escrever na seção “Ninguém me Contou”.

A revista Pais&Filhos é voltada para assuntos sobre bebês, gravidez, dúvidas, experiências... e a seção “ninguém me contou” é uma página inteira onde alguém expõe uma experiência a qual nunca imaginava passar. Imagina só... eu pedi apenas um cantinho pra citar o blog e ganhei uma página inteira...... Lógico que eu concordei.

Escrevi o texto e mandei pra editora no final do mês de março. Sabia que não teria como sair na edição de abril, estava esperando para maio. Chegou maio, corri atrás da revista nas bancas e nunca encontrava. Quando eu chegava nas bancas, sempre diziam “acabou”. Eu já tava desistindo, até que eu vi uma edição dando sopa na prateleira do mercado. Comprei e abri correndo pra ver, mas me decepcionei, não tinha saído.

Pensei: ah deixa, se não saiu é porque não era pra ser....

Aí hoje, pra minha surpresa, quando abri meus e-mails, tinha um da editora me informando que meu texto vai ser publicado na edição de julho. Nossa.... que feliz que fiquei.

Eu falei “meu texto”, mas na verdade considero isso uma obra do João Pedro. Eu só sou um instrumento. Acredito muito que isso possa ser uma das missões dele, pois com certeza, muito mais pessoas vão conhecer a história de luta dele, conhecer um pouco do assunto de HDC, casos ruins, mas casos bons também. Quem sabe até esse não seja um caminho para que esse problema tão serio seja mais divulgado, e até mesmo mais estudado para que os índices de sucesso melhorem.  

Agora é só aguardar ansiosa pela edição de Julho. Quando chegar a revista nas bancas, eu aviso aqui no blog.

Abraço a todos.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O fim de uma missão

Tenho a impressão que o objetivo deste blog já foi atingido. Não me sinto mais motivada a escrever nele. A saudade é enorme, e sei que não há nada mais que eu possa fazer. O João Pedro se foi, mas deixou pra todos que conviveram com ele uma grande lição: a lição do amor.

Ouvi de uma amiga que o João Pedro mudou a relação dela com o marido. Hoje eles valorizam mais a vida que têm juntos e dão mais atenção aos momentos com a filha deles.

Um amigo me falou que hoje, quando passa por alguma dificuldade e pensa logo em explodir, logo lhe vem na cabeça o que vivemos e aí ele pensa que o que ele está passando não é dificuldade. Dificuldade é perder um filho.

Um colega de trabalho da minha mãe, que esposa esta grávida do terceiro filho em três anos, ficou desnorteado quando sobe da gravidez inesperada, e negou. Não queria este filho de jeito nenhum chegando a pensar em aborto. Depois da passagem do João Pedro ele mudou completamente de idéia. Disse pra minha mãe que se arrepende muito de ter negado a chegada deste filho, e que ao ver o que passamos, o que mais deseja é que essa criança venha com saúde e alegre mais a sua vida.

O Padre Adilson sempre comenta nossa história no curso de batismo, e tenho certeza que isso faz as pessoas refletirem.

O João Pedro passou por aqui e fez com que minha família ficasse mais unida. Todos o desejavam muito, e perder ele foi a pior coisa pra todos nós. Principalmente pra mim e pro Amaral.

O João Pedro aproximou de nós pessoas maravilhosas, que nem sabíamos que gostavam tanto assim da gente. Também afastou da gente pessoas maldosas, que achávamos que fossem amigos mas na verdade eram invejosos e quem sabe até desejaram o que aconteceu.

Com o João Pedro aprendi a ser mãe, mesmo não tendo praticado no dia a dia, mas o sentimento materno nasceu e permaneceu em mim.  O João Pedro me ensinou que devemos amar sempre, independente de qualquer coisa. Eu sempre tive muito medo de ter um filho com problemas, e para a evolução e amadurecimento do meu espírito, Deus me mandou este desafio para que eu pudesse aprender a amar independente da circunstância. Hoje sei o valor que tem um filho, sei quanto vale ser mãe. Descobri que os quilinhos que ganhamos numa gestação são na verdade reservas de amor.

Fico louca quando vejo na rua uma mãe brigando com um filho, tenho vontade de abraçar a criança e trazer pra minha casa. Quando vejo notícias sobre mães que abandonam filhos, assassinato de crianças, ou qualquer coisa ruim relacionado a crianças, troco de canal. Prefiro assistir coisas boas, coisas que me motivem a seguir a vida em busca do meu grande sonho que é ter um filho em meus braços e cuidar da vida dele.

Tenho lido bastante livro espíritas, com assuntos que explicam sobre a doutrina e que me dão a certeza que existe vida depois da vida e que não é por acaso que os serem se cruzam aqui neste plano. O João Pedro com certeza é um ser muito evoluído, pois em tão pouco tempo mudou a vida de muitas pessoas e ainda teve a permissão de mandar mensagens vindas do plano superior. Lá no Boa Nova me disseram que as comunicações que o João Pedro fez, foram recebidas por mim por merecimento e que é pra eu ficar tranqüila que um dia ele vai voltar.

Falando em voltar... outro dia recebi um depoimento de uma amiga que foi muito impressionante. Vejam:


Nunca teremos certeza de que o João Pedro terá retornado, e também isso não é necessário, pois quando acontecer, será um novo ser, uma nova vida, uma nova existência. Independente de qual for o ser que virá pra gente um dia, será muito amado e desejado.
Deus tem um plano para cada um de nós e o nosso já está traçado, por isso, é só aguardar Ele colocar em prática e esperar que seja feita a sua vontade. Eu me sinto pronta para o que Deus quiser.

Não sei se voltarei a escrever neste blog, só se houver algo importante relacionado ao João Pedro. Mas como eu disse, acho que a missão do João Pedro já foi cumprida. Se eu voltar a escrever, divulgarei através do Orkut.

Obrigada a todos que acompanharam esta caminhada, que deixaram aqui palavras de carinho, de força e que divulgaram e repassaram este endereço para outras pessoas.

Um grande abraço a todos.
Tenham fé e acreditem em Deus sempre.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Honra a Santo Antônio

Já escrevi aqui no blog uma vez sobre a importância de Santo Antônio no meu relacionamento com o Amaral. Sempre o tive como o Santo Casamenteiro, que abençoa o relacionamentos e trás o amor pra perto. Mas um dia, sem mais nem menos, me acordei com uma imensa vontade de pesquisar a história deste Santo famoso. Não sei o que me deu, talvez eu tenha sonhado com ele, porque assim que abri os olhos, senti vontade de ir pra internet saber mais sobre ele.
Assim eu fiz. Nem saí da cama, já liguei o computador e fui direto pro Google.
Encontrei informações sobre seu nome verdadeiro, local e data de nascimento e falecimento, ingresso na vida religiosa e todas as coisas sobre sua biografia. Mas minha maior surpresa foi quando vi que um dos maiores milagres de Sano Antônio, que é o que gerou a tradição de se fazer novena a ele, não é o milagre de “fazer” casamentos, mas sim o de regenerar bebês com mal-formações.
Vou transcrever aqui exatamente o texto que encontrei na internet.


"AS 13 TERÇAS-FEIRAS EM HONRA DE SANTO ANTÔNIO

Em 1617, uma senhora de Bolonha (Itália), cujo casamento não tinha sido até ali abençoado com filhos, ouvindo falar nas numerosas graças obtidas por intercessão do Taumaturgo (termo usado para “aquele que faz milagres”) de Pádua, implorou-lhe que tivesse dó dela e lhe concedesse o intenso desejo do seu coração, que era ter descendência. Uma noite, o Santo apareceu-lhe num misterioso sonho e disse-lhe: “Vai durante nove terças-feiras consecutivas visitar a capela dos Frades Menores e receber a Sagrada Comunhão, e a tua súplica será atendida. Seguiu a senhora fielmente esta direção e o santo cumpriu a sua promessa. Mas o desejado recém-nascido era aleijado e disforme. Cheia de confiança, a mãe mandou levá-lo ao altar de Santo Antônio, e mal o nenê tocou na ara sagrada, logo se transformou numa linda criança.
Foi este milagre que deu princípio a devoção das 9 Terças-feiras em honra de Santo Antônio. Mais tarde elevou-se o número de terças-feiras para 13, para comemorar a data de sua morte."


Claro, por isso que existe em Porto Alegre o Lar Santo Antônio dos Excepcionais, o hospital da Criança Santo Antônio...

Pode parecer coincidência, mas eu não acredito mais nisso: eu demorei muito pra engravidar, o João Pedro não era aleijado e disforme como fala acima, mas ele tinha uma malformação... coincidências???
Depois que li isso, foi como se eu tivesse recebido um recado: inicie a trezena à Santo Antônio.
Na mesma hora decidi que ia fazer essa maratona de orações e começaria na terça-feira seguinte. Aí tive outra surpresa: a terça seguinte era dia 11/1/11. Lá estava de novo a seqüência de números 1 que me persegue há muito tempo. Pronto, mais um indício que me dava a certeza que eu precisava fazer essa trezena.

Contei isso pro Amaral e ele quis fazer as orações junto comigo. Iniciamos no dia 11/1 e seguimos fielmente durante todas as semanas. Hoje é 13ª semana, a última. Gostei tanto de ter esse momento semanal com Santo Antônio que acho que não vou parar. A trezena vai acabar, mas eu vou continuar rezando, agradecendo e pedindo forças para seguir.

Quero aproveitar o blog e dividir com todos o roteiro da trezena. Tenham fé que ele os auxiliará. Essa trezena pode ser feita por qualquer situação e também pode ser realizada diariamente de 1º a 13 de junho (mês de seu falecimento).

TREZENA DE SANTO ANTÔNIO

Súplica
Meu querido Santo Antônio, Santo dos mais carinhosos, o vosso ardente amor de Deus, as vossas sublimes virtudes e grande caridade para com o próximo vos mereceram durante a vida o poder de fazer milagres espantosos. Nada vos era impossível senão deixar de sentir compaixão pelos que necessitavam da vossa eficaz intercessão. A vós recorremos e vos imploramos que nos obtenhais a graça especial que neste momento pedimos. Ó bondoso e santo Taumaturgo, cujo coração estava sempre cheio de simpatia pelos homens, segredai as nossas preces ao Menino Jesus que tanto gostava de repousar nos vossos braços. Uma palavra vossa nos obterá as mercês que pedimos. (Segue-se a meditação do dia competente)

1ª Terça-feira
Oração - Invencível Santo Antônio, mártir pelo desejo, pelo fervor do amor que vos inflamou com o ardente anseio de derramar o vosso sangue por Nosso Senhor Jesus Cristo, invocamos o vosso auxílio para que nos assistais a nós e a todos os agonizantes na hora da nossa morte, e para que obtenhais o eterno descanso para as almas do purgatório. (Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai...)

2ª Terça-feira
Oração - Ó Santo Antônio, grande Doutor da Igreja, que ilustrastes a eterna e imutável verdade tanto pela palavra como pelo exemplo, nós vos imploramos que nos conserveis na fé católica, que convertais os que estão fora da nossa Igreja e que extirpeis todos os erros e falsidades. Obtende também que os Governantes e os Magistrados exerçam a justiça com eqüidade e para o bem do povo.
(Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai...)

3ª Terça-feira
Oração - Ó bondoso consolador Santo Antônio! Nunca quem procurou o vosso auxílio deixou de ser atendido. Humildemente vos suplicamos que nos auxilieis, a nós e a todo o mundo, nas calamidades e aflições; preservai-nos da falta de arrependimento, da covardia e do desespero; afastai de nós toda a intolerância e toda a discórdia. ( Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai...)

4ª Terça-feira
Oração - Santo Antônio, fervoroso adorador de Nosso Senhor Jesus Cristo, que ateastes em toda a parte o fogo da caridade perante o qual os demônios fugiam, guardai as nossas almas e os nossos corpos, e defendei-os contra as tentações de Satanás, para que ele não tenha o poder de nos molestar em pensamentos, palavras e obras, e afastai de nós todos os vãos receios e imaginações.
(Pai Nosso, Ave Maria, Glória...)

5ª Terça-feira
Oração - Ó maravilhoso pregador Santo Antônio, a cujas poderosas palavras nenhum pecador podia resistir, humildemente vos suplicamos que preserveis os nossos corpos de febres, feridas e doenças infecciosas, e as nossas almas da lepra do pecado. (Pai Nosso, Ave Maria, Glória...)

6ª Terça-feira
Oração - Ó milagroso Taumaturgo Santo Antônio, em quem Deus manifestou o seu poder , livrai-nos de todas as fraquezas e enfermidades para que possamos sempre glorificar Deus Todo Poderoso, sãos de espírito e de corpo, e fortes de alma. (Pai Nosso, Ave Maria, Glória...)

7ª Terça-feira
Oração - Santo Antônio, fiel guia dos viajantes, a quem Deus deu o poder de dominar as tempestades e de acalmar as ondas do mar, preservai-nos a nós e a todos os viajantes dos perigos do mar e da terra, e do naufrágio das nossas almas. (Pai Nosso, Ave Maria, Glória...)

8ª Terça-feira
Oração - Ó valente confessor Santo Antônio, que libertastes das cadeias temporais os corpos dos homens, e das cadeias espirituais as suas almas, libertai os pobres cativos das prisões que não mereceram, e as almas que o pecado escraviza, das trevas dos seus cárceres espirituais, e auxiliai todos os que estão condenados à morte. (Pai Nosso, Ave Maria, Glória...)


9ª Terça-feira
Oração - Ó branca Flor da Pureza, Santo Antônio, que tivestes nos vossos braços virginais Jesus, o Filho de Deus, nós vos suplicamos que nos preserveis a nós, e a todos os que nos pertencem, dos males corporais; auxiliai também os surdos, os mudos, os cegos, os coxos, os disformes, e alcançai para eles a paciência necessária para suportarem as suas aflições. Ajudai também a preservar o corpo místico da Igreja, e fazei com que todas as nações, com os seus governantes e príncipes, se conservem fiéis ao seu chefe.
(Pai Nosso, Ave Maria, Glória...)

10ª Terça-feira
Oração - Fidelíssimo Santo Antônio, que desprezastes os bens deste mundo para poderes obter as riquezas de Cristo, ajudai-nos a nunca desejar nada que nos seja prejudicial, preservai-nos de todas as ambições mundanas e obtende-nos que procuremos sempre a graça, e, se a perdermos, não descansemos até recuperá-la. (Pai Nosso, Ave Maria, Glória...)

11ª Terça-feira
Oração - Santo Antônio, poderoso auxiliar, em quem o amor de Nosso Senhor Jesus Cristo obra tão grandes maravilhas, invocamos o vosso auxílio em todos os perigos, visíveis e invisíveis. Preservai-nos, pela vossa intercessão, dos nossos inimigos, dos raios, das tempestades, do incêndio e da guerra, e livrai-nos fielmente de todos os perigos da alma e do corpo.
(Pai Nosso, Ave Maria, Glória...)

12ª Terça-feira
Oração - Santo Antônio, refúgio universal, nós vos suplicamos que nos socorrais em todas as aflições, na pobreza e na enfermidade; que consoleis as viúvas e os órfãos, e todos aqueles que vos invocam nas suas necessidades.
(Pai Nosso, Ave Maria, Glória...)
13ª Terça-feira
Oração - Ó Glorioso Santo Antônio, honra de Portugal, Apóstolo de todas as nações, manifestai-nos o poder milagroso que tem ganho vitórias tão maravilhosas sobre o erro e a descrença, e acendei nos nossos corações a chama da divina caridade e do amor fraterno, a fim de que, unidos no aprisco verdadeiro do Divino Pastor, possamos glorificar Aquele que, com o Pai e o Espírito Santo, vive e reina eternamente. Amém. (Pai Nosso, Ave Maria, Glória...)


Algumas informações sobre sua biografia:
Nome verdadeiro: Fernando de Bulhões
Data de nascimento: 13 de setembro de 1195
Local de nascimento: Lisboa, Portugal
Filiação: Martinho de Bulhões e Teresa Taveira
Data de falecimento: 13 de junho de 1231
Local de falecimento: Pádua, Itália

quinta-feira, 31 de março de 2011

Os animais também sentem

Há dois anos atrás, quando a cachorrinha da minha mãe deu cria, minha mãe insistiu que eu ficasse com um filhote. Eu não queria de jeito nenhum, pois não gostava de cachorros, mas acabei aceitando por se tratar de um filhote raro. Peguei ele apenas porque é um chowchow branco, e já tinha conversado com o Amaral sobre a forma que iríamos educá-lo. Nada de ficar no colo, nem dento de casa. Pra mim lugar de cachorro sempre foi na rua.

As vezes eu era até dura de mais, pois não gostava nem que os cachorros chegassem perto de mim, mas depois que o Sebastião foi pra nossa casa, algumas coisas mudaram em mim.

Escolhi esse nome por parecer uma mistura dos nomes dos pais dele (Bel e Tigrão), mas acabamos apelidando de Tião.

Minha relação com o Tião sempre foi muito diferente da minha relação com qualquer outro animalzinho. Eu me apeguei a ele como se fosse um filho. Me acordei várias vezes na madrugada pra dar colinho, mamadeira e fazer ele parar de chorar logo que foi pra nossa casa quando era bebezinho. Eu sabia quando resolvi ficar com ele, que se era pra ficar, era pra cuidar de verdade.

Ele era pra mim como uma criança e sempre teve os seus limites. Fizemos um esforço e educamos ele pra que nunca entrasse dentro de casa, pra que fizesse suas necessidades sempre no mesmo lugar. Ele sempre foi muito obediente e cresceu sendo um cachorro de pátio.

Nossa casa não tem passagem lateral, e pra ir da frente pros fundos tem que ser por dentro de casa. Então, quando ele precisava passar por dentro de casa, ele sempre pedia, sinalizava de alguma forma e só passava quando nós dizíamos “vai”.

Uma vez uma amiga minha ficou impressionada de como eu tinha conseguido educar ele pra que só respondesse aos nossos comandos. Não sei, eu procurava ler sobre a raça, via programas sobre educação de animais e tentava fazer com ele o mesmo. Deu certo.

Durante a minha gravidez ele se mostrou muito sensível. Era notável que ele tinha um pouquinho de ciúmes, mas sempre cuidava da minha barriga quando ia pular em mim pra brincar. Teve aquele episódio em que ele me lambeu toda quando descobrimos a HDC que me deixou muito impressionada.

Mas mais impressionada ainda eu fiquei há alguns dias atrás, quando ele apresentou um comportamento totalmente diferente do habitual.

Estávamos só eu e o Tião em casa, e ele estava como de costume: deitado na sombra do muro no pátio da frente de casa. Eu estava deitada no sofá olhando para o altarzinho que eu tinha feito para o João Pedro e pensando nele.

Esse altarzinho é um cantinho que fiz na minha sala como um lugar simbólico pro JP. Um lugar onde de vez em quando eu me sento e fico olhando as fotinhos dele, onde eu rezo, coloco flores. Nesse altarzinho eu coloquei a imagem de Santo Antônio que ganhei da dinda do João Pedro, minha amiga Vivi. Coloquei também a imagem do menino Jesus que ganhei do Padre Adilson, além de ter ali alguns livros sobre a doutrina espírita. É um cantinho meu que fiz com carinho dedicado o João Pedro.

Continuávamos eu e o Tião cada um no seu canto até que o Amaral chegou do trabalho e o Tião mudou completamente.

O Amaral entrou, me deu um beijo e quando vimos o Tião veio atrás dele. Ele entrou dentro de casa sem que nós tivéssemos autorizado. Xinguei ele, mandei ele sair e ele não me ouvia. Ele ficou andando em volta dentro de casa. Da porta da frente pra porta dos fundos, rodeava em volta da mesa, entrou no lavabo e de repente olhou pro altar e fico parado em frente. Olhava pro altar e ia na escada, voltava no altar e ia na escada de novo. Eu e o Amaral deixamos e ficamos só observando.

Ele subiu 3 degraus da escada, parou e ficou olhando lá pra cima (da escada dá vista direto pro quartinho do JP). O que achei engraçado é que o Tião nunca subiu escadas, nem mesmo no colo ele já foi no andar de cima, lá só tem os quartos e os banheiros, então nunca levei ele lá. Por que ele estava querendo subir???

Ele seguiu assim por algum tempo, do altar pra escada, e na escada ele tentava subir. Achei que precisava ajudá-lo, então subi a escada e fui chamando ele lá pra cima. Pra minha surpresa, ele foi subindo, cambaleando e quase no final ele parou, estava tremendo as pernas. Claro, ele nunca subiu uma escada na vida dele, era natural que tivesse medo. Desci com ele e ele seguiu naquela coisa de ficar pra lá e pra cá do altar pra escada.

Depois de um tempo, ele parou de andar, ficou parado na frente da mesinha do altar e de repente foi pra baixo dela e começou a rodear na tentativa arrumar uma posição de descanso. Ele fez isso durante um tempão, até que se acomodou e dormiu um belo de um sono.

Eu fiquei chocada com aquela atitude dele e conversando com o Amaral eu comecei a chorar. Pra mim era certo que o Tião estava vendo ou pelo menos sentindo alguma coisa, e só podia ser o João Pedro. O Amaral achou que eu estava ficando impressionada de mais e resolveu colocar o Tião pra rua. Ele relutou, mas acabou indo. Quando estava na rua ele me surpreendeu mais uma vez.

Assim que ele saiu de dentro de casa, foi direto pra porta do carro, levantou ficando apenas sobre as duas patas traseiras, se apoiou na porta do lado do motorista e ficou tentando pular a janela pra entrar no carro. Ele ficava com a cabeça pra dentro, farejando como se tivesse descobrindo alguma coisa. Como ele não conseguia pular a janela, acabou arranhando toda a porta do carro de tanto que esperneou.

O Amaral xingou ele e mandou ele ir pros fundos. Normalmente quando mandamos ele ir pros fundos, ele atravessa a casa sem nem olhar pros lados, mas dessa vez, ele não foi pros fundos, ele entrou em casa e foi direto pra baixo da mesinha do altar de novo e não tinha Cristo que tirasse ele dali. Tivemos que deixar até que ele saísse pro vontade própria.

Fotos que tirei do Tião em baixo do altar.
(Filmei também, mas o vídeos são pesados e não consigo postar)


Eu não sei o que ele pode ter visto ou sentido, mas no meu íntimo, tenho certeza que tem relação com o João Pedro. Depois de um tempo, o Amaral me falou que também achava isso, mas que na hora preferiu não alimentar meus pensamentos pra não me impressionar. Mas ele acha que pela agitação que o Tião tava, não era apenas uma pessoa que ele estivesse vendo, eram mais. Ele acha que o João Pedro pode ter vindo trazer seus irmãozinhos pra conhecer a família que um dia eles pertencerão. Sei lá, é tudo tão novo na minha vida que eu não sei mais no que acreditar.

Depois disso o Tião teve algumas outras vezes atitudes de parecer que está brincando ou correndo atrás de alguém. Não sei, não quero ficar alimentando esse tipo de coisa na minha cabeça, porque daqui há pouco eu posso acabar “criando” situações que me confortem e me iludindo com o irreal. Até agora, nada do que aconteceu me impressionou, muito pelo contrário, me serve de conforto e de base pra poder suportar a falta dele. É aquilo que eu já disse mais de uma vez: se é verdade eu não sei, mas se está me fazendo bem, isso é o que importa. De tudo isso eu tenho apenas uma certeza: ele continua vivo e nosso amor nunca  acabará.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Hora de agradecer


Meus pais me ensinaram que quando alguém nos estende a mão, temos que ser muito gratos e por isso eu queria muito agradecer pessoalmente às pessoas que fizeram parte da nossa trajetória.
Esperei um pouco, pra criar força e coragem e então marquei uma consulta com o Dr Lionel. Voltar no consultório dele não foi fácil. Olhava as crianças na sala de espera e lembrava que da outra vez quando estive lá, o João Pedro ainda estava comigo e agora eu estava voltando lá só com o Amaral.

Assim que entramos na sala do médico, ele nos deu um abraço tão carinhoso, que me senti confortada por alguém da família. Notei  que ele ficou feliz em nos ver. Conversamos um pouco e logo ele quis saber como estávamos nos sentindo, o que eu pensava em relação ao futuro. Ele foi mais do que um cirurgião pediátrico, foi como um psicólogo que tentava me ajudar. Conversamos bastante, falamos sobre o caso do João Pedro, sobre minha gineco não ter aparecido mesmo ele tendo conseguido que ela se credenciasse com o hospital, falamos sobre a possibilidade de eu e o Amaral termos outros filhos e de quando isso vai acontecer.

Lembrei que eu tinha na carteira uma fotinho do parto onde o Dr Lionel aparecia, então dei a foto pra ele como uma forma de agradecimento e lembrança. Pra minha surpresa, ele ficou tão emocionado, fez um carinho na foto, como se estivesse acariciando o João Pedro, encheu os olhos de lágrimas e disse: “mesmo diante de toda a dificuldade da situação, todos nós estávamos sorrindo felizes”. Sabíamos de tudo que poderia acontecer, mas mesmo assim, a emoção de trazer uma criança a mundo é tão grande, que nada nos preocupava naquela hora.

A essas alturas eu já estava chorando no consultório. Nunca encontrei um médico tão sensível e carinhoso como o Dr Lionel e eu estava muito emocionada com tudo. Depois que demos a foto a ele, ele estendeu as mãos pra nós e pediu: “eu não sou da mesma religião de vocês, mas vocês se importam que a gente faça uma oração juntos?” Claro que não me opus. Então de mãos dadas, o Dr Lionel fez uma linda prece pedindo proteção a todas as crianças , aos médicos que lidam com elas, pediu luz ao João Pedro e paz pra mim e o Amaral. Que médico age dessa maneira????? Fiquei mais emocionada ainda. Eu não estava acostumada com médicos assim.

Conversamos mais um pouco e na hora que nos despedimos ele nos pediu que quando resolvermos ter outro filho, que ele gostaria muito de ser comunicado, e disse que se não fosse pedir muito, ele gostaria que levássemos o bebê ao consultório pra ele conhecer. Gente, vocês têm idéia do que isso significa pra uma mãe???? O nosso contato com o Dr Lionel foi tão pequeno, e mesmo assim ele nos tratou e se envolveu como se nos conhecêssemos há anos. Num médico assim a gente pode confiar cegamente. Saí de lá com uma admiração muito maior do que já tive na primeira consulta. Com certeza ele é um homem iluminado, é um anjo que Deus mandou à Terra pra cuidar das crianças. Que Deus sempre o ilumine e o abençoe.

Outro dia tive uma experiência que foi como um divisor de águas na minha vida. Eu precisava de uns documentos do João Pedro pra levar no meu trabalho, só que estes documentos precisavam ser assinados pelos médicos que o atenderam, então eu teria que ir lá no hospital pra buscar. Eu não queria ir lá no Moinhos, tinha medo da minha reação, mas não tinha outra pessoa que pudesse fazer isso, tinha que ser eu. Então liguei, falei com o pessoal lá no hospital pra que deixassem pronto e eu só fosse buscar.

Chegou o dia de ir pegar os documentos e quando eu cheguei na frente do hospital me deu um frio na barriga e eu comecei a rezar, pedindo que o meu anjo me desse força pra entrar lá. Cheguei na recepção, expliquei a situação, o rapaz que me atendeu ligou pra neo pra saber se o documento estava pronto. Quando ele desligou, me disse que eu podia passar lá na neo que o documento estava pronto. Meu Deus, eu não estava preparada pra isso, achava que iam me entregar o documento na portaria do hospital. Nunca pensei que eu tivesse que subir até a maternidade. Rezei mais um pouco e fui.

Quando desci do elevador, já no andar da maternidade, eu me emocionei quando vi os enfeites de porta com os nomes dos bebês. Tentei não olhar, passar rápido pra não dar tempo de pensar.
Cheguei então na porta da neo. Olhei pro botão do interfone e não tinha coragem de apertar. Só vinha na minha cabeça o momento em que eu fui lá ver o João Pedro. Respirei fundo, pedi força e apertei o botão. Para minha surpresa, ninguém veio até a porta, só liberaram pra que eu entrasse. Eu não estava acreditando no que estava acontecendo. Eles não deixam entrar na neo quem não é pai de bebê que esteja internado, por isso eu tinha certeza de que eu não precisaria entrar lá. Mas me enganei redondamente.

A porta se abriu e eu tive que entrar. Eu ia entrando com vontade de sair. Fui indo pelo corredor e não vinha ninguém pra falar comigo. A cada passo que eu dava, a minha lembrança ia aumentando. Só conseguia lembrar do momento em que me levaram pra me despedir do João Pedro. Esse é um momento que eu gostaria de esquecer.

Eu ia caminhando pelo corredor e parecia que eu nunca chegava onde tinha que pegar o documento. E quanto mais eu ia entrando, mais eu me aproximava da sala onde o JP estava. A mesa dos médicos fica bem na frente da porta daquela sala, e era lá que estava a médica que me entregaria o documento. Já cheguei lá no final chorando. Apenas me identifiquei e a médica me entregou o documento. Ela não foi uma das médicas que atendeu o João Pedro, então talvez ela não soubesse que seria muito difícil eu entrar lá.

Só peguei o documento, agradeci e virei minhas costas pra sair correndo de lá, e quando eu estava saindo, vi dentro de uma sala a Dra Desiree. Ela que é a diretora da neo e foi quem nos recebeu lá a primeira vez.

Achei então que essa seria uma boa oportunidade de eu agradecer o que ela e toda equipe fizeram por nós. Cheguei na porta da sala e disse que talvez ela não lembrasse de mim, e pra minha surpresa ela disse “claro que me lembro Grayce”. Então ela veio até mim, me abraçou e chorou junto comigo. Não é em qualquer lugar que se encontra médicos assim... Conversamos muito, agradeci muito a ela o que fizeram por nós. E ela ficou muito feliz, pois me disse que a maioria das pessoas na minha situação reage ao contrário, nunca mais volta e fica com raiva das pessoas que se envolveram.

Eu tenho consciência e disse pra ela, que sei que a equipe da UTI Neo do Moinhos fez tudo o que foi possível pelo João Pedro, e o que aconteceu não foi culpa delas. Aliás, não foi culpa de ninguém. Quem sabe os propósitos de Deus???

Falei pra Dra que eu pretendo ter meus próximos filhos lá no Moinhos, porque quero fechar um ciclo que iniciei e ficou incompleto. Ela ficou muito feliz, me abraçou e chorou comigo várias vezes. Ela me disse uma coisa que eu fiquei pasma. Disse que depois do que aconteceu com o João Pedro, fizeram uma reunião na neo e algumas pessoas criticaram o fato da Dra Desirré e da Enfa Andreia terem nos apresentado à Debie e ao Rafa (pais da Cecília que teve HDC e o caso foi de sucesso). Alguns acharam que isso pôde ter nos criado uma expectativa irreal da situação, que eu poderia ficar decepcionada porque deu certo com a Cecília e não com o JP.

Falei pra ela que isso que algumas pessoas pensaram foi exatamente ao contrário. Eu adorei ter conhecido a Débie e o Rafa. Foi muito importante pra gente poder ter tido contato com eles. Sabíamos que mesmo tendo dado certo com a Cecília, não era garantido que daria certo com o JP. Mas conhecer eles e ver a evolução da Cecília nos deu a certeza de uma coisa: nós tínhamos que lutar com ele e jamais desistir. A Débie, o Rafa e a Cecília Batatinha foram pessoas chaves na nossa história. E quando contei isso pra Dra Desiree, parece que tirei um peso das costas dela.

Seguimos conversando e eu falei pra Dra que eu tinha o sonho de ter um quadrinho do JP lá no corredor da neo, mas que infelizmente isso não seria possível pois nosso caso não teve um final feliz. Mas ela foi tão querida e carinhosa comigo que disse que eu posso sim fazer o nosso quadrinho e deixar ali uma mensagem de força e coragem para os pais da neo, falando pra eles que o importante é lutar junto, independente do final da história. Fiquei feliz com isso. Quero sim fazer este quadrinho, mas ainda não me senti preparada. Assim que chegar o momento, ele será feito e entregue à Dra Desireé.

Saí lá da neo muito diferente de quando entrei. Foi como se eu tivesse quebrado uma barreira e a partir daquele momento eu tivesse ficado pronta pra outra. Uma coisa estranha, parecia que faltava só isso pra eu me recuperar. Foi como se eu tivesse fechado um ciclo pra reiniciar outro.
Isso não muda a saudade que eu sinto e a falta que ele me faz, mas parece que passei a viver diferente, mais leve e mais tranqüila.

Quero reforçar aqui, um agradecimento especial aos profissionais da saúde que passaram pela nossa vida neste momento tão difícil.

Dr. Lionel Leitzke (cirurgião pediátrico) – por todo empenho em fazer acontecer, por estar presente me dando apoio na hora do parto, pelo carinho, sensibilidade e dedicação com a gente. Por ter sido o anjo que Deus colocou no nosso caminho.

Dr. Paulo Ferreira (cirurgião pediátrico)– medico do hospital Santo Antônio por ter nos dado uma aula sobre HDC.

Dra Desireé e Enfa Andréia (diretora e Chefe da UTI Neo do Moinhos) – por terem nos permitido conhecer a neo antes de tudo, por terem nos apresentado a Débie e o Rafa e por toda atenção e carinho.

Dr. Arlindo Rosa (obstetra) – por ter se acordado de madrugada para ir de emergência fazer meu parto, sendo que nem me conhecia, por ter feito um trabalho excelente e proporcionado uma ótima recuperação da minha cesárea e por até hoje me dar atenção e ter se tornado meu médico a partir de agora.

Dr. Marcelo (anestesista) – pelo carinho na hora do parto e pela delicadeza e consolo depois que tudo aconteceu.

Dras. Elisabeth e Betânia (intensivistas neonatal) – por receberem o meu anjinho, cuidarem dele e pela força e apoio na hora mais difícil.

Piscóloga Mariana (psicóloga da neo do Moinhos) – pelo carinho dedicado a nós no pior momento da nossa vida.

Téc. De Enfermagem do Moinhos – por todo carinho em me atender e cuidar do João Pedro na neo.

Quero aproveitar este post, para incluir aqui as pessoas as quais eu serei eternamente grata. Pessoas que talvez nem imaginem o quanto são importantes pra nós. A situação que passamos nos mostrou quem são realmente os nossos amigos e quem são as pessoas que mesmo sem grande amizade, nos mostraram o quanto gostam da gente.

Aerton e Elaine – meus pais, que cederam a sua casa, seu quarto, sua cama pra que eu e o Amaral pudéssemos nos recuperar até ter coragem de voltar pra nossa casa. Que fizeram e fazem tudo pra tentar nos deixar bem. 
Sela – mãe do Amaral, que da sua maneira tenta nos agradar pra nos deixar bem.

Artur e Salete – pai e madrasta do Amaral que participam junto da nossa dor e fazem de tudo pra nos agradar.

Glaucia e Filipe / Vivi e Eder / Daia e Cláudio / Deisi e Dudu – nossos irmãos, amigos, compadres que aceitaram ser os dindos do João Pedro e honraram este compromisso mesmo a situação sendo muito difícil. Pelo apoio, carinho e força que nos dão no dia-a-dia, por chorarem junto com a gente, tentando dividir o nosso sofrimento.

Tia Néia e Bonito – meus tios que estiveram presentes em todos os momentos, que me disseram palavras lindas e que me dão força até hoje.

Tio Mauro – que mesmo do jeito ele, me mostrou o quanto amava o me filho.

Tia Dulce – que de todas as formas tentou nos dar apoio e coragem.

Daisi – minha prima que não mediu esforços, nos deu força e nos levou pela primeira vez no centro espírita Boa Nova.

Paula e Tio Zezinho – minha prima e meu tio que nos deram um apoio espiritual.

Mara e Lécio – amigos, pais, nossos padrinhos que estiveram presentes em todos os momentos, dos mais felizes aos mais tristes e que são como nossa família.

Jéverson e Aline – primos do Amaral que estiveram junto com a gente nos momentos mais difíceis.

Tiago – primo do Amaral que parecia não acreditar no que estava acontecendo, mas mesmo assim estava lá, presente nos apoiando.

Bel e Guinho – meus primos que me deixaram por alguns instantes usar a Duda pra sentir de novo aquele cheirinho de bebê que o João Pedro tinha.

Heloisa, Camila e Clóvis – minha madrinha e meus primos que ficaram com a gente até o fim, que se preocuparam com o nosso bem estar e que sempre voltam seus pensamentos pra gente.

Kátia do Beto – prima distante, que me disse coisas lindas durante a gravidez, que me confortou e me deu apoio e carinho, mesmo que de longe.

Leandro e Léia – coordenadores do grupo Estrela Guia do centro espírita Boa Nova que sempre me disseram coisas lindas e me deram força pra ir adiante, coragem para encarar as dificuldades e me ensinaram a ter fé.

Padre Adilson – este homem santo, que apenas com um olhar e poucas palavras consegue fazer eu me sentir mais perto de Deus.

Avelino – vereador , amigo da família que ajudou meu pai e o Amaral com a correria de funeral, que homenageou o João Pedro em uma sessão na câmara de vereadores e que apóia minha família sempre.

Dra Raquel Lobato – amiga da minha mãe que encontrei no elevador do prédio quando descobri a gravidade da HDC. Além de me acalmar e me dar força, conseguiu pra mim indicação de um médico muito bom.

Débie, Rafa e Cecília – pessoas maravilhosas que nos receberam no hospital e nos contaram a sua história de sucesso com a HDC e nos deram um exemplo de força e dedicação.

Fátima e Paulo – sogros da minha irmã que estiveram com a gente o tempo todo e principalmente apoiando meus pais.

Maikel – meu cunhado, que até hoje nos dá apoio e carinho.

Dani, Tati e Gisa (e seus maridos) – minhas amigas do coração, do tempo do colégio, que passaram a noite com a gente nos dando força e apoio.

Meus colegas de trabalho – aqueles que estiveram presentes pessoalmente e em pensamento, que me deram força, apoio e carinho. Cito os nomes dos que estiveram mais presentes, mas todos foram importantes: Gisa, Diogo, Fabi, Paty, Ju, Daia, Aline, Ana, Pauline.

Colegas do Amaral – que deram o apoio no trabalho pra que ele seguisse a vida como antes. Cito os nomes de quem ele me comenta, mas com certeza tem muito mais do que isso: Luciano, Gerson, Ricardo, Paulo, Francisco e sua esposa Angelita e um agradecimento especial ao Ronaldo e sua esposa Denise, que mesmo sem nos conhecermos, me apóia incessantemente.

Os nossos grandes amigos Dani e Ilton, Fabi e Everton, Sheila e Willian,  Aline e Rodrigo, Sabrina e Maickell que estiveram presentes durante todo o tempo, e nos apóiam e nos dão força até hoje, que choram e sofrem junto, que sentem a mesma saudade que a gente, uma saudade de coisas que não pudemos viver.

Enfim, agradeço a todas as pessoas que passaram pela nossa vida nesse momento de dor. E de tudo isso, conseguimos tirar uma coisa boa: NÓS TEMOS AMIGOS. Amigos de verdade, que não estão presentes apenas nos bons momentos, amigos que são mais que família, pois nem toda a nossa família participou isso com a gente. Amigos que respeitaram o nosso momento, o nosso nervosismo e a nossa privacidade em querer preservar o João Pedro durante a gravidez não contando pra todo mundo que ele tinha HDC.

AMIGOS são pra toda hora.